Perder fezes ou gases é normal?
A Sociedade Internacional de Continência (ICS) define a incontinência anal como perda involuntária de fezes ou gases, em local inadequado e em qualquer faixa etária, após a aquisição do controle esfincteriano. É um sintoma mais comum em mulheres, mas acima dos 70 anos se manifesta igualmente nos dois sexos. No Brasil, a verdadeira prevalência desta condição é subestimada, já que não temos publicações científicas recentes de qualidade e, por ser uma situação constrangedora, apenas 30% dos portadores relatam o problema aos seus médicos. A literatura internacional revela prevalência de incontinência anal em até 20% da população. A incontinência é um sintoma mais comum do que se imagina e pode ocorrer em qualquer idade, mas com predominância em idosos.
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) cita que várias alterações na fisiologia anorretal podem causar incontinência, sendo mais comum a apresentação de mais de uma deficiência, que podem advir de alterações nos fatores que mantêm a continência fecal: a integridade da musculatura esfincteriana (popularmente chamada de períneo), a inervação da região, o ritmo intestinal, a consistência das fezes, a sensibilidade retal e a integridade dos reflexos da região.
Alguns cuidados podem ser tomados para se evitar o problema: manter o bom funcionamento intestinal por meio da ingestão diária adequada de fibras e líquidos e fazer fisioterapia pélvica preventiva para reduzir o risco de partos vaginais traumáticos.
O tratamento desta condição é baseado em correções dos hábitos alimentares, mudanças na medicação usada pelo paciente, fisioterapia pélvica ou cirurgia.
A incontinência anal é uma situação clínica grave, que pode ocasionar isolamento social e até depressão, mas tem tratamento. A vergonha e a falta de comunicação podem dificultar o manejo adequado desta condição. Assim sendo, a qualquer alteração intestinal, procure um médico para que ele defina a melhor estratégia de tratamento para cada caso.